interior
o rio corre em teu rosto
onde inda raia o sol posto
o rio dorme em tua face
e cada estrela que nasce
banha-se a lua na rede
te acordo: tenho sede
À Paula Macário
Quase gravura
Na selva de hemácias e água,
o dicionário artesiano
abre-se sozinho,
após o tempo’ral;
o sol, aos pingos,
desabotoa-se
sobre casulos-de-verbo.
À pedra – à sua medida vulcânica -
se não retempera a chama borbulhante:
gema - de magma extinto,
clara - de carvão.
A pedra, condenada a estar-se:
ainda que lhe prorrompa a água
no alto da serra.
Reverdecer a própria lava.
Onde o sol não se assola,
onde não se greta o rio,
nem o vento sopra ferrugens
nas lanugens,
um diamante forma-se: de tempo.