segunda-feira, 13 de setembro de 2010

LIVRO "DO REAL IMAGINADO"



enseada em botafogo

uma pausa, pauta de andar ao mar
prodigiosamente reconhecer a água quebrada
compor o ruído a evocação do mar
homero e a memória da jangada
ir pela margem da íris desvelar
sílabas na aurora
tão simples é andar

andar para se preparar pro mar
caminhar não para saber mas para sentir
escutar a cabeça branca dos casarões
e as jovens flores aos borbotões
falar ao decote de uma rua estreita
e saltar da derradeira fachada
infinito do mar instantâneo
tão simples é se encontrar

não tarda amanhecer
na areia até os pombos são marinheiros desembarcados
aqui os pensamentos viram sentidos
e as sensações se materializam ao lado
se penso pirata ele surge colorido e faz amizade com a gaivota
se penso helena ela logo se encanta por algum azul iridescido
pétala de beleza bramida
mito com sereia
tão simples é navegar

a canção
dessa pauta de sensação
foi preciso despertar
porque os carros são movidos a sol
e daqui a pouco a cor prefere se calar


Ao Pedro Beccari



Dualistas

há fúrias que seqüelam a vontade
mesmo do mar; ignaro, sanho e estrujo,
arrebento-me ao meu tempesto jade
e contra mim descanso a tempestade
e parto em mim o polvo-subterfujo;
sou, sem saber, o mar e o marujo;
sempre em turvas fraturas, a verdade,
e tanto mais valente, inda mais fujo
e tanto mais covarde, inda mais rujo,
minha vítima própria em dualdade;

sonhei-me um mar com foz: em caramujo
: afloro a fundo a íntima metade



- maremoto -

olho do trans
tornado
mândubla-moenda

MMM MTUBARÃO

O que nunca dorme
- marsibério
MMMMMMMJsimério -
chama de sal incessante
acorrentada
à busca sem rosto

O que nunca pára
(reatorcontínuomar
correntes)
músculos da água
obstinada
até fender a fronteira

MMMJMMMe

MMM- maremorto -

arrebentar a busca nas geleiras

2 comentários:

Renato Torres disse...

Edson,

do primeiro ao último texto: da simplicidade cândida, quase infantil, ao libelo sígnico, arrojado, de quem olha e transvê. poemas que dizem muito de trajetórias e transiências, a ir e vir com as vagas.

abraços!

r

Anônimo disse...

"...há fúrias que sequelam a vontade, mesmo do mar..."

O mar é imensidão-cosmo das coisas mortas e das vivas, ganhar e perder-se, nascer e quebrar-se.Nele a epopéia da vida,tocar o intocável, o fugudio, o que nos escorre... como consciência da
impotência humana diante da finitude.
Quando citas o infinito dizes que ele não é fácil de se tocar, e realmente não é , só em alguns segundos sabemos que ele está em nossas mãos... Na poesia cabe o infinito... Em certo momento ele nos pertence, talvez, quando o a sensibilidade toca à beleza e cria o novo!

"...infinito do mar instantâneo? não simples de se tocar..."

Grandes saudades
Um abraço
ines