Mais Valia
Saio primeiro,
Acampamento.
Sirene do
silêncio.
Canteiro de
temperança e fogo
até enternecer
um segundo de palavra
que o tempo não oprima.
instante paralelo I
Quando estás
longe, viras palavra.
Escrevo contigo
e materializas
nossa memória.
E já me puxas para
o poema.
Câmara de
imaginações
aceleradas,
flutuações de
magia.
Chorar de palavra,
na medula.
E escrevemo-nos,
dentro do poema.
Os sentidos se
sinestesiam -
línguas novas
juntas semânticas -
os sonhos se
embebedam.
Uma palavra te
acorda:
“Chegamos!”.
Pagas o táxi,
sorrindo,
eu sentado no
batente, à espera.
Variações ao teu corpo
I
Leva logo teus pés,
pro mar serenar.
II
Água de fogo.
III
Nunca te vi como a
minha mãe,
nem como as minhas
filhas.
IV
Corpo de jogo.
V
Foi isso?
Um raio ficou
enganchado
nos teus cílios?
VI
- Por que tá
olhando assim?
- Nos últimos
dias, sei que vai sair luz –
a qualquer
instante, alguma coisa lunar
vai se irradiar de
ti. Não passa de hoje.
VII
Teu corpo delira;
meu desejo vela.
VIII
Tens uma missão.
IX
Teu corpo é real.
X
O império do
agora.
XI
Hoje não morrerei.
instante paralelo IV
Eu já na terceira
caipirinha,
e nada da Palavra.
O boteco, quase
vazio,
reagia ao frio
fora de época
cantando sem
instrumentos.
Aí se instaurou
uma discussão,
sobre o autor de
certa música.
A Palavra chegou,
finalmente.
Acompanhada de um
Violão.
Todos se animaram.
Vizinhos
se achegaram em
roupas de lã.
Lua, cantoria.
Alguém lembrou de
esclarecer
sobre o autor da
canção.
E a Palavra, já
puxando a melodia:
“É de domínio
público!”.
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