terça-feira, 5 de agosto de 2014

A sina botafoguense






Constelação solitária
Para meu filho, Pedro

Te passo essa camisa – do Botafogo –
para assinalar uma linhagem fora do sangue
e, nos estádios, saibas o hábito de torcer em pé
entre os pavilhões
como, nos botecos, de pé se bebe
irrequieto, expansivo, inabordável
ao longo dos balcões.
Te passo essa bandeira – constelação solitária –
para que, uma a uma, a estrela única
preencha o vazio expandido pelo uivo
de fogo das arquibancadas.
(Bola, mundo espantado,
menino, mestre sem cerimônia.)
Te passo essa determinância – botafoguense –
como quem diz “Brasileiro”,
a derrota em chamas
de vitória
na garganta antropófaga

da imaginação.

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