quinta-feira, 1 de março de 2007

Outros poemas (do livro "Do real imaginado")

interior

o rio corre em teu rosto
onde inda raia o sol posto

o rio dorme em tua face
e cada estrela que nasce

banha-se a lua na rede
te acordo: tenho sede


À Paula Macário



Quase gravura

Na selva de hemácias e água,
o dicionário artesiano
abre-se sozinho,
após o tempo’ral;
o sol, aos pingos,
desabotoa-se
sobre casulos-de-verbo.
À pedra – à sua medida vulcânica -
se não retempera a chama borbulhante:
gema - de magma extinto,
clara - de carvão.
A pedra, condenada a estar-se:
ainda que lhe prorrompa a água
no alto da serra.

Reverdecer a própria lava.

Onde o sol não se assola,
onde não se greta o rio,
nem o vento sopra ferrugens
nas lanugens,

um diamante forma-se: de tempo.

Um comentário:

Renato Torres disse...

mano edson,

teus textos recendem a trabalho de erosão, ou burilamento mineral milenar (palavras anagramáticas de entre si): devem ser lidos num tempo outro, sem amarras contemporâneas, apenas com o compromisso de um imaginário feliz em ser.

abraços,

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