quinta-feira, 17 de junho de 2010

LIVRO "DO REAL IMAGINADO"

Cecília

Canto como o instante existe:
sôo, apenas: poeta.
Há dias não fico triste.
Onde andarás, hora dessas?

Nossas canções se entenderam
como asas, de par em par.
Busco-te agora nas ondas,
retorno pra te esperar.
Se estás fora do espaço,
um verso talvez te ache.

(À noite,
o firmamento é um barco
que navega em si

e teu nu é um raio de tempo -
uma sereia - na aragem.)

Haverá uma passagem?



Pequena morte

A paixão - vertiginosa
alquimia dos sentidos -
gerou um sol
longe do espaço.

Tudo era impalpável e mutante
e simultâneo como uma fonte:
a satisfazer
nossa semelhança.

(Teu desejo mais íntimo
a imaginação reservou
num favo de chispas.)

Dormieacordei
no mesmo sonhoeinstante
e ao me reanimares
chorei e cantei.

Estávamos ainda
noutro lugar?


Arte poética

O pensamento a vertiginar-se
com verbos e galáxias;
as estrelas, polens
do fogo,
soam no casco
dos insetos;
luzferrão,
marimbondos.
Assenti ou mareei
ao sentir
como vinhas;
hoje, calo.

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