Dois sonetos (sobre melodia de Edir
Gaya)
Ouça a música: http://www.youtube.com/watch?v=EVFs1i0Oe0A&feature=youtu.be
Marajó
Diz que as
estrelas de junho
São
fogueirinhas de mão;
O céu é um
boi de veludo
Montado a
imaginação.
Fala que as
luas lançantes
Dobram à
frente e pra trás:
Nada será
como antes,
Não
passaremos jamais.
Os velados
da poesia
Tangem na
linha do dia,
O rio já não
pesca em mim;
O amor é
quando eu acordo
E o sonho em
que te recordo
Dobra na
manhã sem fim.
Belém
Fala que as
telas de julho
Recolhem
luas do chão;
Vôos
escanchados no musgo,
Céu
encharcado na mão.
Essa será
sempre a rua
E o minuto é
um casarão:
Eu vi Belém
toda nua,
Bebi a minha
canção.
Olho d’água,
quando sinto,
Cidade à
beira do instinto
Grotada pela
paixão;
Leva então
minha saudade:
Seca
acqua-prima, vontade
Gretada no
violão.
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