segunda-feira, 21 de maio de 2012

Dois sonetos


Dois sonetos (sobre melodia de Edir Gaya)



Marajó

Diz que as estrelas de junho
São fogueirinhas de mão;
O céu é um boi de veludo
Montado a imaginação.

Fala que as luas lançantes
Dobram à frente e pra trás:
Nada será como antes,
Não passaremos jamais.

Os velados da poesia
Tangem na linha do dia,
O rio já não pesca em mim;

O amor é quando eu acordo
E o sonho em que te recordo
Dobra na manhã sem fim.


Belém

Fala que as telas de julho
Recolhem luas do chão;
Vôos escanchados no musgo,
Céu encharcado na mão.

Essa será sempre a rua
E o minuto é um casarão:
Eu vi Belém toda nua,
Bebi a minha canção.

Olho d’água, quando sinto,
Cidade à beira do instinto
Grotada pela paixão;

Leva então minha saudade:
Seca acqua-prima, vontade
Gretada no violão.

Um comentário:

Anônimo disse...

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