quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Um relâmpago

A moça passa
À Cristiana Chaves

Sempre chove em ti, chuva desagasalhada,
faz sempre sol, a luz lenta
para te entregar o tempo.
Tenho medo de te encontrar numa galáxia sem luas,
numa matéria sem música.
Anjos viajam à terra para morrer saciados
e sei que me esvairei correndo
como um deus banido pelas rosas.
Tua boca é uma linguagem alcançada por três punhais.
És uma assassina que mata sempre a si mesma.
Deixa eu escavar teus olhos
como quem desenterra um feitiço,
lamber tuas pegadas como um bicho de sangue,
te devorar antes de te conhecer
e te dizer a ti no nosso primeiro encontro.
Te mostrei sete caminhos; escolheste o amarelo,
achando que era o da melancolia.
Na rua, às vezes, tua tristeza te acompanha de longe.
A noite que te perdeu ainda uiva perto do rio.
Tua coragem sempre sabe onde te encontrar.
A luz fica lenta pra te entregar o tempo.


Um comentário:

Anônimo disse...

Edson apesar dos grandes anos que de ausência, gostaria de dizer da alegria de vê-lo envolvido com as palavras, e apresentando a qualidade de sempre. Parabéns!!! Felicidades pela estrada à fora!!! Muita vida pra vc!!!!

Inês