segunda-feira, 24 de junho de 2013

Um poema do Nobel Derek Walcott



Arquipélagos

No fim desta frase, vai começar a chover.
À beira da chuva, uma vela.
Lentamente a vela irá perdendo de vista as ilhas;
A crença de uma raça inteira nos portos
afundar-se-á na neblina.
A guerra dos dez anos terminou.
O cabelo de Helena, uma nuvem gris.
Tróia, uma cova de cinza branca
junto do mar onde chuvisca.
A chuva retesa-se como as cordas de uma harpa.
Um homem de olhos nublados toma-a
e dedilha o primeiro verso da Odisseia.


Derek Walcott, Antilhas (1930)
traduzido por Nuno Dempster

Um comentário:

Inês Pereira (Bia) disse...
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